FMUL é ponto de partida de exposição que assinala o centenário da descoberta da insulina

in FMUL

Foi hoje inaugurada a exposição “Uma Visita à História da Diabetes no Centenário da Descoberta da Insulina”, patente na entrada principal do Edifício Central (piso 1). O evento contou com a presença do Diretor da FMUL, Fausto J. Pinto, o responsável pela organização da exposição e Presidente da Fundação Ernesto Roma, Luís Gardete Correia, e também o Presidente da APDP (Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal), José Manuel Boavida, para além de alguns dos nossos professores, nomeadamente, a Professora Maria do Carmo Fonseca e o Professor Francisco Antunes.

Na abertura oficial da exposição, o Professor Fausto J. Pinto manifestou reconhecimento pelo facto de a exposição iniciar na nossa Faculdade, que formou não só os principais responsáveis pela iniciativa (Luís Gardete e José Manuel Boavida), mas também Ernesto Roma, o médico que foi pioneiro no tratamento da diabetes em Portugal, conforme salientou Fausto J. Pinto no discurso inaugural.

Para além de “lembrar a importância que teve a descoberta da insulina”, o Diretor da FMUL sublinhou o facto de se tratar de uma descoberta que esteve na génese de 3 Prémios Nobel, “e que aos seus descobridores é controversa”.

Destacando “a ligação entre o desenvolvimento científico e o seu impacto no tratamento de uma doença que era fatal na altura”, Fausto J. Pinto afirmou que “os avanços científicos e tecnológicos e a sua translação em termos clínicos continuará a ser um objetivo em Medicina”.

Apesar de todos os avanços, a realidade da Diabetes em Portugal apresenta ainda “grandes desafios”, acrescentou o Professor.

“É um privilégio podermos lançar uma exposição numa área tão importante como esta e que vem, no fundo, enriquecer aquilo que é um dos atributos de uma instituição académica, que é promover o conhecimento e ajudar, naturalmente, à sua disseminação para que possamos continuar a progredir em termos científicos e médicos, e contruir o melhor futuro para as gerações vindouras”, rematou Fausto J. Pinto, enaltecendo uma iniciativa que dignifica a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Tomando a palavra, Luís Gardete descreveu um momento “duplamente emocionante”, em que a paixão pelo estudo da História culminou no regresso à Faculdade onde concluiu o curso há 52 anos.

Luís Gardete destaca o facto da descoberta da insulina não só “devolveu a vida às pessoas”, como possibilitou “a sua integração na sociedade”. “Como sabemos, as pessoas morriam antes da descoberta da insulina e a diabetes tipo 1 era preponderante. A diabetes tipo 2 era menos prevalente e aparecia sobretudo nos grupos ricos, na corte”, adiantou, revelando que o rei D. Carlos sofreu de diabetes tipo 2.

Reconhecendo que havia muito mais História para contar, “procurámos fazer um resumo histórico, começando pela mais antiga descrição da Diabetes, depois fomos passo a passo assinalando pequenas descobertas, porque tudo se desenvolveu no final do século XIX, princípio do século XX”, explicou Luís Gardete, mencionando, em particular, o contributo de Paul Langerhans, bem como dos “três indivíduos que são esquecidos e que deveriam ter uma pequena fatia do Prémio Nobel, que são Gley [Eugéne Gley], Zuelzer [Georg Ludwig Zuelzer] e Paulesco [Nicolae Paulesco]”.

Luís Gardete deu eco também do contributo essencial do Dr. Ernesto Roma, responsável pela criação da. “Veio dos Estados Unidos para Portugal em 1925 e percebeu que a insulina salvava as pessoas, mas os pobres não tinham dinheiro para a comprar, então criou a Associação Protetora dos Diabéticos Pobres, e as pessoas que vinham à Associação tinham que trazer um atestado de pobreza”, conta, aludindo a todo o trabalho implicado na “gestão da Diabetes” e que ultrapassa a esfera terapêutica.

Por sua vez, José Manuel Boavida, Presidente da APDP estabeleceu o interessante paralelismo entre o curto período de tempo entre descoberta da insulina e a sua aplicação prática com a atual situação da vacina contra a Covid-19. “Não é a primeira vez na história da Ciência que, quando se percebe a importância de uma intervenção, ela existe e somos capazes de ultrapassar todas as limitações”, denotou, evidenciando a disponibilidade para a criação de sinergias e projetos futuros com a nossa Faculdade.

Maria do Carmo Fonseca, Professora e Investigadora Principal, louvou a iniciativa, destacando a importância de “usar o passado para preparar o futuro”, princípio sobre a qual acrescentou o contributo da terapia genética, cujos progressos fazem antever que, no futuro, se possa substituir a administração de insulina aos diabéticos (tipo 1) pela inoculação do material genético em falta nas células.

Terminados os discursos, seguiu-se a visita aos 10 painéis que integram a exposição e que retratam uma sumula da história da Diabetes até à descoberta revolucionária da insulina.

De realçar que, a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário da Descoberta da Insulina (na qual se insere a Fundação Ernesto Roma) tem várias atividades programadas ao longo do ano e integra elementos que têm desenvolvido uma atividade proficiente junto de instituições e sociedades científicas ligadas ao tratamento da diabetes.

As comemorações do centenário da descoberta da insulina contam ainda com o patrocínio da Federação Internacional da Diabetes.

A próxima paragem da exposição é na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, no Centro Hospitalar de S. João, onde poderá ser visitada entre os dias 1 e 23 de fevereiro.

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