Maio 2018
Apareceu de bata, escondendo um fato sem blazer, mas que mostra que cuida da imagem, a pele dourada denunciava que as férias da Páscoa não foram passadas em Portugal. No pulso trazia um relógio da Apple e que está sempre ligado ao seu inseparável iphone. É confiante e isso nota-se na voz e na forma como olha nos olhos e recebe os outros. Encontrara-o apenas uma vez numa reunião de trabalho e por isso estendi a mão e voltei a apresentar-me, “sou a Joana e temos uma entrevista”, interrompeu-me rapidamente e disse que não precisa de ver muitas vezes uma pessoa para a fixar e que sabe quem elas são. Característica de um líder, diria eu, mas também de um anfitrião.
Habituado a falar para públicos, gosta de ser ouvido, mas gosta, também, que o interpelem, com ideias que não sejam as suas, é como se fosse um jogo de ténis, onde se trocam bolas e que são as matérias que não sendo iguais, precisam ser respeitadas mutuamente.
Homem pragmático, diz, dos dez problemas que lhe apresentam, reduz apenas para um, é por isso um “realista otimista”. Mas ser assim dá trabalho, dá muito, e é por isso que me diz a sorrir que o “o melhor improviso leva duas semanas a construir”.
Corre por ideias e causas e coloca metas diferentes a si e às pessoas em quem aposta incondicionalmente, mas corre também de manhã bem cedo e ao ar livre, forma que encontra para matar saudades de cidades marcantes como o Rio de Janeiro, Budapeste, ou Telavive. No entanto, é Lisboa que o arrebata sempre e é a ela que volta no final das dezenas de viagens que faz. Vive no Chiado e corre junto ao Tejo.