17 de Junho de 2020
Conselho de Escolas Médicas Portuguesas reage com “discórdia e estupefação” ao despacho do Governo que autoriza as faculdades de medicina a aumentar o número de vagas no próximo ano letivo. A falta de espaço físico e de professores em número suficiente está no centro da crítica.
O presidente do conselho, Fausto Pinto, revelou ao jornal Público que não há capacidade formativa para garantir um ensino de qualidade e que o país não precisa de mais médicos. Apesar de admitir que, no imaginário popular do país, existem falta de médicos, o responsável assegura não ser verdade.
O problema, aponta, está na capacidade de distribuição adequada de profissionais pelo país.
Assim, o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas foi apanhado despercebido com a decisão do Governo e está estupefacto com a decisão, manifestando um profundo desagrado por ter sido ignorado ao longo do processo, apesar de ter pedido para ser ouvido.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, também fala de um “disparate total” e acusa até o ministro do Ensino Superior de não querer médicos com qualidade.
Em declarações do jornal Público, o diretor da faculdade de medicina de Coimbra, Robalo Cordeiro, deixou ainda claro que as escolas já estão no limite e que não se pretende abrir mais vagas no próximo ano letivo.
A pressão da opinião pública é, na opinião do diretor da faculdade de medicina do Porto, Altamiro da Costa Pereira, a única justificação para que o ministro tenha tomado uma decisão destas. O responsável teme que esta seja uma manobra para abrir o curso de medicina aos privados.
Esta ideia também coincide com a convicção do Conselho de Escolas Médicas, que suspeita que há dedo das escolas privadas na decisão de aumentar o número de vagas, depois de já ter havido tentativas de estender o curso às faculdades privadas.