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O Professor Fausto J. Pinto foi o anfitrião e primeiro orador do III Simpósio em Investigação das Escolas Médicas Portuguesas, organizado pelo CEMP e transmitido via streaming no canal de Youtube da FMUL.
Na palestra que marcou a Sessão de Abertura, o Professor Fausto J. Pinto – que encerra este ano um ciclo à frente da Presidência do CEMP – abordou os desafios do “Ensino Médico em Tempo de Pandemia”, começando por fazer um balanço, em retrospetiva, analisando a cronologia de uma pandemia que teve início na China e que em poucos dias se alastrou para o continente europeu.
Fausto J. Pinto destacou a decisão, tomada a 9 de março, de encerrar as Faculdades de Medicina e a forte intervenção do CEMP, que teve uma “participação cívica e ativa”, emitindo recomendações para a sociedade com grande repercussão nos meios de comunicação nacionais e que foram notícia, também, além fronteiras.
O Professor realçou ainda a pedagogia assumida pelo CEMP diante de uma pandemia que assolou o mundo e impôs novos e importantes hábitos, um dos quais o uso obrigatório de máscara, defendido acerrimamente e desde muito cedo pelo CEMP, e que se revelou determinante no combate à Covid-19. A “pressão”, fundamentada na experiência e conhecimento científico, expressa publicamente pelo CEMP foi, na opinião de Fausto J. Pinto, decisiva para “os excelentes resultados que o país obteve nessa altura”.
A implementação do ensino à distância, “apesar de não ser uma novidade”, conforme explicou Fausto J. Pinto, tornou-se forçosamente a única solução viável, tendo o Professor destacado o empenho de toda a comunidade FMUL que, em 24 horas, tornou possível a implementação de um novo modelo de ensino, empenhando esforços “para minimizar o impacto da suspensão das aulas presenciais”. Para além disso, “com a participação maciça dos alunos conseguiu-se colmatar algumas limitações”, salientou.
E porque “das adversidades surgem oportunidades”, Fausto J. Pinto apontou as principais vantagens ou forças, bem como os pontos menos favoráveis do ensino à distância. Como aspetos fortes considerou o aperfeiçoamento de competências dos docentes no domínio das novas tecnologias, a criação de recursos, materiais educativos e de avaliação a aproveitar para formas híbridas de ensino e a experiência de teletrabalho. “A forte participação em aulas Zoom foi uma agradável surpresa”, adiantou o Professor, destacando o comportamento exemplar e o contributo dos estudantes para o êxito de uma reestruturação súbita, mas essencial.
Por sua vez, Fausto J. Pinto entende que os pontos fracos assentam na “interrupção/redução do ensino prático”, acentuando os aspetos “explícitos e implícitos” da aprendizagem médica; “a segregação dos alunos com o ensino virtual, as limitações da avaliação digital para as competências de relação ou clínicas, e ainda a participação limitada dos alunos nas aulas sem controlo de presenças”. “Estes foram alguns aspetos que ficaram comprometidos durante o período de ensino à distância e foi um desafio colmatar esses aspetos”, acrescentou Fausto J. Pinto.
Apresentando, de seguida, o “modelo de ensino híbrido” implementado no presente ano letivo, o Professor realçou os ajustes, nomeadamente a redução do número de estudantes e docentes, que foram efetuados para assegurar a continuidade do ensino clínico e prático, destacando também o compromisso estabelecido com os estudantes “em que a Faculdade deixou de ser um espaço de convívio para ser apenas um espaço onde têm aulas”.
Fausto J. Pinto recordou ainda o recente apelo do CEMP aos conselhos de administração hospitalares, reiterando “a importância de integrar os alunos nas suas atividades”, a fim de “não comprometer a geração seguinte de médicos”. “Os hospitais afiliados são um instrumento essencial para garantir o ensino clínico prático e o que procuramos foi, de forma pedagógica, reforçar a importância de manter essa vertente de ensino. Nada substitui aquilo que é o contacto com o doente”, frisou.
Na palestra inaugural do III Simpósio em Investigação das Escolas Médicas Portuguesas, Fausto J. Pinto atribuiu um papel de destaque ao “conceito hipocrático de ser médico”, lembrando a importância do “princípio básico da relação médico-paciente no que deve ser a formação do jovem estudante de Medicina”, “para que a geração seguinte esteja à altura dos desafios que terá de enfrentar no futuro”.
Numa nota final sobre “a luz ao fundo do túnel” que se vislumbra com a realidade da vacina para enfrentar a Covid-19, o Professor Fausto J. Pinto referiu que “há ainda um longo caminho a percorrer”, pelo que “não podemos baixar a guarda”. Para além dos desafios com “a formação nas escolas médicas”, há que enfrentar uma outra pandemia, “a pandemia das Fake news”, uma causa para a qual Fausto J. Pinto sensibilizou a comunidade médica e científica, no sentido de continuarem a combater a desinformação.
Por fim, mas não menos importante, uma nota sobre a forte “colaboração dos colegas do CEMP ao longo dos últimos meses, na missão de continuar a ter um ensino médico moderno e de acordo com o que são as nossas ambições”, reiterou o Professor.
Fausto J. Pinto encerra, assim, um ciclo de “consolidação” à frente do CEMP, marcado pelos desafios da pandemia, em que as escolas médicas deram provas de resiliência e superação.
No III Simpósio em Investigação das Escolas Médicas Portuguesas, a FMUL fez-se representar pela Professora Susana Constantino, que nos trouxe uma interessante apresentação sobre a investigação desenvolvida no CCUL – Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa/CC Well, que integra 107 investigadores distribuídos por 13 unidades de investigação.
Crédito fotos: FMUL
Susana Constantino destacou as unidades de investigação que recentemente integraram o CC Well, nomeadamente, Cardio-oncologia, Terapêutica e Farmacologia Cardiovascular, Reabilitação e Exercício Cardiovascular, bem como as importantes sinergias criadas com alguns laboratórios, com o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e ainda, com o Hospital Veterinário OneVet, “que permitem fazer aquilo que queremos que seja uma ciência multidisciplinar de excelência”, ressaltou. “Também podemos ver a excelência no financiamento de projetos competitivos e nos últimos 5 anos muitos são projetos e estudos clínicos que temos vindo a desenvolver”, adiantou a Professora, mencionando “os 98 estudos, integrando 1700 doentes”, desenvolvidos ao longo do presente ano.
Para demonstrar “a importância de uma investigação translacional”, Susana Constantino destacou um desses protejos, reiterando a importância das colaborações estabelecidas dentro e fora de fronteiras. “Porque todos concordamos que a investigação é fundamental para inovar, modernizar, para nos permitir ter uma educação de excelência e os investigadores do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa participam ativamente, não só na educação pré-graduada, mas também pós-graduada, orientando estudantes de doutoramento, médicos e não médicos que estão inscritos no Programa Doutoral do Centro Académico de Medicina de Lisboa”.
Reveja aqui a sessão, que teve como principal objetivo a reflexão sobre a importância da investigação realizada nas Escolas Médicas Portuguesas, e em que cada instituição procedeu à sua apresentação, partilhando experiências que enriquecem a cultura e consolidam a visão do CEMP.”