In FMUL
18 de Maio de 2021
“Nós não somos nenhuma Faculdade de aviário que é criada apenas para satisfazer alguns caprichos, somos uma Faculdade com tradição”
– Fausto J. Pinto
No passado sábado, 15 de maio, decorreu a Cerimónia de Imposição de Insígnias, no Grande Auditório João Lobo Antunes. É um evento que acontece todos os anos no âmbito das festividades da Queima de Lisboa, tendo o intuito de marcar o término do Mestrado Integrado em Medicina.
A Cerimónia tem como objetivo homenagear os finalistas que se despedem agora da Faculdade, e que veem esta como uma das últimas ocasiões de viverem e celebrarem o espírito académico com os colegas e amigos que tanto significam para eles e que os marcaram ao longo do curso. É também onde se recordam momentos especiais destes seis anos e que servem de partilha aos restantes estudantes da Faculdade, que também um dia estarão no mesmo lugar.
“Muito bom dia a todos!
É um enorme prazer estar aqui convosco. Quero cumprimentá-los, em particular, obviamente, os nossos finalistas, mas todos os alunos desta casa e no fundo todos aqueles que pertencem a esta grande casa: docentes, funcionários e, obviamente, os estudantes hoje aqui no palco principal.
Quero-vos dar os parabéns por terem atingido esta meta. Este é um dia especial para aqueles que chegaram até aqui fizeram-no através do vosso esforço, dedicação, resiliência, mas fizeram-no numa grande casa.
Queria-vos começar por dizer que escolheram aquela que, sem qualquer viés da minha parte, é a melhor profissão do mundo. Obviamente que aqui estamos a falar entre nós, mas eu digo isto em qualquer palco. E escolheram a melhor profissão do mundo porquê? Porque é a profissão que se dedica ao outro. Nós somos os defensores, os guardiões da integridade ética no cuidar do outro, utilizando princípios de altruísmo, generosidade, de estarmos sempre na perspetiva de cuidar do próximo numa base ética e irrepreensível. E isso também gera uma grande inveja em relação à nossa profissão. Hoje, mais do que nunca, aquilo que representa o ser médico, o que representa a Medicina, penso que foi bem apreendido pela população por esse mundo fora, e talvez de uma forma violenta, obviamente, através desta pandemia que ninguém esperava e que também condicionou muito daquilo que fizemos e tivemos de fazer ao longo destes últimos meses. Mas de certa forma vem reforçar o nosso papel enquanto médicos e o papel daquilo que é a Medicina.
Eu gosto de citar um Professor Brasileiro, que foi Ministro da Saúde no Brasil, já falecido, o Professor Adib Jatene, quando ele dizia que “o médico tem como objetivo curar, se não pode curar, aliviar, se não pode aliviar, consertar, o médico é um especialista de gente.” E nós, de facto, somos especialistas de gente. E vós tiveram, ao longo destes anos, naquela que é uma Faculdade com uma longa tradição. Uma Faculdade que começou já em 1825 com a Real Escola Médico-Cirúrgica, depois mais tarde Escola Médico-Cirúrgica. E desde 1911 Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Nós não somos nenhuma Faculdade de aviário que é criada apenas para satisfazer alguns caprichos de algumas pessoas, não, nós somos uma Faculdade com tradição. Somos uma Faculdade que tem espinha dorsal e que vai continuar a tê-la, pronta a recebê-los e a formar-vos aqui.
E tenho uma excelente notícia para vocês. Ontem, recebi os resultados finais da Prova Nacional de Acesso. Dentro das oito faculdades de Medicina deste país, a primeira classificada foi a nossa e isso deixa-me muito orgulhoso por vocês. Isto mostra, como tenho dito muitas vezes, como sabem tem havido sempre alguma polémica acerca das notas de entrada e, eu digo muitas vezes que em qualquer corrida o que conta é o final e não o princípio. Não é quem sai primeiro na maratona, é quem chega no final.
Fiquei muito satisfeito quando recebi, ontem, este resultado. Mas digo-vos já aqui em primeira mão, já partilhei com o vosso Presidente da Associação de Estudantes, que a nossa Faculdade foi a primeira classificada na Prova Nacional de Acesso. Muitos Parabéns a todos vós! Estou seguro que vão fazer exatamente como os outros fizeram, porque são formados naqueles princípios que falei inicialmente.
E nós aqui baseamo-nos em princípios, em valores. Mesmo em alturas difíceis, é aí que se vêm os valores, aí se vêm os princípios, é aí que se vê a coluna dorsal quer das pessoas, quer das instituições. E nós ao longo deste ano procurámos cumprir isso e fizemo-lo e não foi uma, ou duas, ou três pessoas, fomos todos, começando na direção da Faculdade, funcionários, os vários docentes desta casa e, acima de tudo, vocês. Eu já disse isto também muitas vezes publicamente, tenho imenso orgulho daquilo que foi o vosso comportamento, que foi irrepreensível por parte dos nossos estudantes de Medicina. Gosto de citar um grande filósofo espanhol José Ortega y Gasset que diz que “só é possível avançar quando se olha longe, só é possível progredir quando se pensa grande”. É isso que nós vamos continuar a fazer nesta Casa. Portanto, sem mais delongas quero dar-vos um forte abraço a todos, muitos parabéns, hoje, é um dia de festa, mesmo em condições um bocadinho difíceis, mas é um dia de festa. É um dia que vai ficar nas vossas vidas sempre, vai ficar marcado daqui a trinta, quarenta, ou cinquenta anos, vão lembrar-se deste dia, vão cumprir mais uma etapa no vosso caminho, na continuidade daquele que é o caminho de ser médico. O caminho de estarmos ao serviço das nossas comunidades, ao serviço do outro. Acabo como comecei, este é o caminho ao serviço daquela que é a melhor profissão do mundo.
Muitos parabéns, muitas felicidades e, façam o favor de serem felizes.”
Para este grupo de estudantes da FMUL começa agora um novo desafio que passará por uma prova final, a Prova Nacional de Seriação, prova que abrirá a escolha da Especialidade.
O caminho será sempre de aprendizagem e partilha, para quem parte, mas também para quem fica a observar estes finalistas.
A todos, os maiores sucessos. Porque eles são também nossos!