In Público
Hospital passa a contar com 44 camas de cuidados intensivos. Investimento de 3,4 milhões de euros vai permitir dar resposta a mais doentes críticos.
Uma das maiores unidades de cuidados intensivos do país é inaugurada esta sexta-feira no Hospital Santa Maria, em Lisboa, um investimento de 3,4 milhões de euros que vai permitir dar resposta a mais doentes críticos e oferecer melhores condições de atendimento.
Dispersas por um espaço amplo todo pintado de branco, onde sobressai um chão azul claro, as 25 camas da nova Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) polivalente, apetrechada com equipamentos inovadores no valor de 1,8 milhões de euros, vêm juntar-se às já existentes, passando a totalizar 44.
As 25 camas da nova UCI, com uma área de 1300 metros quadrados, são todas de nível III, indicadas para doentes complexos que necessitam de suporte respiratório por falência multiorgânica.
Além do investimento estatal e de verbas próprias, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN) teve doações de vários mecenas, como a Fundação Oriente, Cristiano Ronaldo e o empresário Jorge Mendes.
No dia da reportagem da Lusa, na terça-feira, vários trabalhadores davam os últimos retoques na pintura das paredes, varriam, colocavam monitores e equipamentos, para que tudo estivesse pronto para abrir esta sexta-feira as portas e começar a receber doentes a 1 de Junho.
“A aposta na requalificação do centro [hospitalar] tem sobretudo que ver com o reforço de meios diferenciados, quer tecnológicos, quer do ponto de vista dos serviços e dos cuidados a prestar no Hospital Santa Maria, de forma a que se prepare o Pulido Valente para prestar também melhores cuidados na área de ambulatório”, sublinhou.
Colmatar as “insuficiências” do SNS
Nas instalações da nova UCI, que tem acesso directo ao Serviço de Urgência, o director do Serviço de Medicina Intensiva, João Ferreira, afirmou que este projecto de requalificação é “muito importante” em todos os vectores da Medicina Intensiva. “É muitíssimo relevante do ponto de vista assistencial, formativo, e do ponto de vista do desenvolvimento de projectos ligados à inovação em saúde e do ponto de vista investigacional”, salientou.
Para João Ferreira, é importante que nesta fase se olhe “com serenidade e com objectividade” para o período que se acabou de viver e que “foi dominado pela expressão e pela pressão determinada pela pandemia”.
“Devemos avaliar com serenidade, com objectividade, aquilo que era a nossa condição e identificarmos as áreas onde é fundamental melhorar para preparar o país, não digo para as próximas pandemias, mas para as próximas gerações. É uma obrigação que assiste a todos de forma permanente”, defendeu.
No seu entender, a pandemia veio pôr em evidência “as insuficiências” que existiam no SNS: “Algumas já foram identificadas, estão a ser analisadas, debatidas, e muitas já foram reconhecidas e, portanto, já muito se reflectiu também nessa matéria”.
Considerou que este projecto de requalificação é também “uma resposta pragmática, objectiva, muito adequada e muito sensata àquilo que foi identificado como uma insuficiência do Serviço Nacional de Saúde”.
Questionado se a resposta à pandemia foi adequada, João Ferreira afirmou: “Para quem está na posição em que eu me encontro, neste ponto de observação, eu acho que a resposta que o país deu ao nível daquilo que eram as instituições de saúde, dos profissionais de saúde, só pode ter um qualificativo, que é obviamente positivo”.
Contudo, defendeu ser importante ter “a opinião de quem olha para a mesma realidade noutros pontos de observação”, considerando que é “uma responsabilidade que assiste a todos enquanto comunidade”. “Nós estamos a dois três meses de distância de um tumulto que arrasou o país, mas parece que já foi muito distante”, comentou, aludindo ao pico da pandemia ocorrido em Janeiro.
Mas, realçou, estão a construir-se “linhas de acção e de resposta edificantes para o país e que podem ajudar a corrigir assimetrias ou insuficiências que existiram”.