Sociedade Brasileira de Cardiologia divulga nova Diretriz de Hipertensão Arterial em seu 75º. Congresso

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Por Mariza Tavares

Jornalista, mestre em comunicação pela UFRJ e professora da PUC-RIO, Mariza escreve sobre como buscar uma maturidade prazerosa e cheia de vitalidade.

Cardiologista português afirma que os médicos não serão mais os mesmos depois da Covid-19 e que o trabalho deve ser pautado pela empatia

Rio de Janeiro 24/11/2020 06h00  

Durante o 75º. Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ocorrido na semana passada, foi divulgada a nova diretriz de hipertensão arterial. A classificação para pré-hipertensão sofreu alteração, sendo definida por uma pressão sistólica entre 130 e 139 mmHg e diastólica entre 85 e 89 mmHg, para medida de consultório. A pressão normal ideal é a que registra números abaixo de 120 x 80 mmHg. A faixa entre 120 e 129 mmHg e 80 e 84 mmHg é considerada normal, mas não ótima, e deve ser acompanhada para a adoção de medidas preventivas. Foi também enfatizada a necessidade de a medição ser feita nos dois braços, utilizando-se a de maior valor. A hipertensão arterial tem forte relação com a doença cardiovascular, a principal causa de morte no Brasil e no mundo. A estimativa é de que cerca de 25% dos brasileiros sejam hipertensos.

Uma das outras mudanças trazidas pelo documento de 140 páginas, que levou 11 meses para ser elaborado, trata dos valores de referência para a detecção da doença pelo monitoramento residencial, aquele feito pelo paciente em casa. A diretriz passa a considerar hipertensão arterial quando a pressão está igual ou maior que 130 por 80 mmHg, valores um pouco mais baixos que os anteriores. Para as medições em consultório, os valores de referência continuam sendo de 140 x 90 mmHg.

Fausto Pinto: reitor da faculdade de medicina da Universidade de Lisboa — Foto: Divulgação

Fausto Pinto: reitor da faculdade de medicina da Universidade de Lisboa — Foto: Divulgação

Na cerimônia de abertura, o cardiologista português Fausto Pinto, reitor da faculdade de medicina da Universidade de Lisboa e presidente da World Heart Federation (WHF), afirmou que a medicina não pode se distanciar do humanismo: “é fundamental o envolvimento e a interação do médico com o paciente para, em conjunto, articularem uma estratégia que faça com que o tratamento dê certo”. Citando a Osler´s Alliance, organização cuja missão é resgatar o que é “mais sagrado na medicina, a relação médico-paciente”, acrescentou que os médicos nunca mais serão os mesmos depois da pandemia e que empatia, compaixão e apoio são elementos essenciais no exercício da profissão. Compartilhou os “mandamentos” que devem nortear o trabalho – e aproveito para fazer o mesmo com os leitores da coluna, de maneira que possam avaliar seus médicos.

1) Nunca fazer com que os que cuidamos se sintam como objetos.

2) Oferecer uma escolha possível e liberdade aos pacientes.

3) Conhecer os pacientes e seus contextos para construir relações de confiança e perceber o que é importante para eles.

4) Explicar o que está acontecendo e assegurar que pacientes e famílias percebam bem a sua situação naquele contexto.

5) Os pacientes estão em situações pouco familiares e suas vidas foram interrompidas. Necessitamos reconhecer e valorizar suas preocupações e ajudá-los a se adaptar.

6) Ambientes de saúde podem ser assustadores e deprimentes: precisamos fazer o melhor para mitigar isso e diminuir a sensação de afastamento. Cada pessoa é única e deve ser tratada com respeito e dignidade (o negrito é dele).

Por último, como o cirurgião Adib Jatene sintetizava seu trabalho: “a função do médico é curar. Quando não pode curar, precisa aliviar. E quando não pode curar, nem aliviar, precisa confortar. O médico precisa ser especialista em gente”. É bom lembrar disso na próxima vez em que entrar no consultório.

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