Com a pandemia algumas pessoas deixaram de fazer exercício ou de seguir uma dieta adequada colocando em risco a saúde do seu coração. Por outro lado, o receio do novo coronavírus fez que com evitassem os hospitais, aumentando o número de mortes por enfarte agudo do miocárdio, como nos diz Fausto Pinto, presidente-eleito da Federação Mundial do Coração.

29 September 2020

in FMUL “Este ano celebramos a vossa chegada de uma forma diferente, devido à pandemia que restringiu forçosamente muitas das nossas atividades presenciais. No entanto, e porque a distância é apenas física e uma condição dos tempos excecionais que vivemos, tal não significa que não estejamos ao vosso lado neste início de jornada, empenhados em receber-vos de forma, igualmente, calorosa com o compromisso de vos orientar neste novo ciclo que agora começa. Tens à tua espera um novo Mundo num só lugar! Por isso, preparámos uma surpresa, onde te guiamos pelos bastidores da tua nova Faculdade.
Embarca nesta viagem e conhece este lugar que já é teu

22nd – 23rd September 2020

in FMUL “

O Professor Fausto Pinto foi convidado para comentar a situação da pandemia de Covid-19 em Portugal na TVI 24, numa análise em que apelou à consciência do momento presente, no qual é fundamental uma “monitorização muito real, concreta e objetiva da situação”, salientando a importância da assertividade na comunicação das medidas a serem implementadas no futuro, de forma a garantir-se o cumprimento das mesmas por parte da população.

dois homens sentados em mesa de entrevista

Em entrevista, Fausto Pinto reiterou que “existem medidas de ordem geral que devem ser aplicadas de qualquer forma, independentemente da situação epidemiológica, enquanto não tivermos uma solução mais definitiva para este problema”, referindo-se à utilização das máscaras, ao distanciamento social e etiqueta respiratória, bem como ao facto de se evitarem ajuntamentos.

Na opinião do Presidente do CEMP (Conselho de Escolas Médicas Portuguesas), a monitorização eficaz da situação da pandemia em Portugal será determinante para a decisão de aplicar medidas mais severas, justificando eventuais restrições que possam revelar-se necessárias em determinados locais. “Para situações diferentes, muitas vezes têm de se aplicar medidas diferentes”.

homem a falar para câmara
homem a falar para câmara

Fausto Pinto considera que o confinamento foi uma medida que, apesar de “severa”, foi bem sucedida na “primeira vaga”, permitindo “salvar dezenas de milhares de vidas”. Adiantou que a situação epidemiológica em Portugal “não é excelente, mas é muito razoável quando comparada com outras na Europa ou noutros locais”, alertando, contudo, para a importância de “não baixar a guarda” neste que é “um momento de estarmos muito atentos”, para além de sermos “muito pedagógicos, assertivos e pragmáticos”.

Sobre a possibilidade de uma segunda vaga e o que esperar no futuro com a evolução da pandemia, no que respeita à retoma das atividades económicas e ao regresso das populações às rotinas interrompidas pela Covid-19, o Professor Fausto Pinto entende que “é fundamental que as crianças voltem para a escola” e clarifica que “as medidas de saúde pública têm que estar em conjunto com as medidas económicas”, não devendo existir oposição ou inconsistência entre ambas, uma vez que “têm que estar as duas a trabalhar no mesmo sentido”. “É o conseguirmos bons resultados em saúde pública que vai melhorar a economia”, assegurou, explicando que “Saúde e Economia têm que estar juntas e trabalhar em conjunto para conseguir bons resultados”.

A Plataforma para a Formação Médica, que engloba a Ordem dos Médicos (OM), o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) e a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), vem por este meio lamentar publicamente a abertura de mais um curso de Medicina em Portugal, contra as principais recomendações destas estruturas.

O ensino médico em Portugal é de reconhecida qualidade, sendo que tem vindo a ser sucessiva e constantemente ameaçado pela redução do financiamento do Ensino Superior, pelo aumento do numerus clausus decidido a nível central e pela criação da figura do médico indiferenciado, cada vez em maior número e cuja formação interrompida ameaça a qualidade dos cuidados prestados no sistema de saúde nacional.

Desta forma, num ano particularmente difícil para todo o ensino médico, a Plataforma não consegue compreender a elevada pressão política que foi efetuada à vista de todos, e que certamente contribuiu para a decisão ora tomada. Além da sobrecarga que estes alunos colocarão às instituições de saúde formadoras da região de Lisboa, afigura-se-nos difícil, no futuro, a reavaliação da acreditação ora concedida, dado que o ensino ministrado no próximo ano letivo terá de ser, certamente, adaptada à grave situação de saúde pública que permanece.

As três estruturas da plataforma reafirmam que não assumem qualquer posição ideológica no ensino público vs. privado, e que respeitam a autonomia da Agência para a Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), sendo que, todavia, entendem de forma inequívoca que as opções políticas que têm vindo a ser adotadas ameaçam gravemente a qualidade da formação médica e, consequentemente, os cuidados de saúde prestados à população e que o aumento do número de alunos no ensino pré-graduado, sem um planeamento a longo prazo das necessidades do país no que concerne aos recursos humanos médicos, põe em causa o futuro do Serviço Nacional de Saúde e do seu estatuto como formador de excelência de médicos.

Lisboa, 02 de setembro de 2020.

Ordem dos Médicos (OM)

Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP)

Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM)

Em entrevista ao Canal S+, o professor Fausto Pinto comenta desta forma a gestão que o Governo tem vindo a fazer da evolução da pandemia da COVID-19.

O Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa compreende que os políticos possam ter lógicas diferentes das que são necessárias em saúde pública, o que torna fundamental e urgente criar planos consistentes, ouvindo para isso “os profissionais que estão no terreno”, atesta.

Para o Diretor da Unidade de Cardiologia do Hospital de Santa Maria em Lisboa, o país faz bem em “estar atento ao que se está a passar na Austrália”, onde em pleno Inverno do hemisfério sul já se fazem sentir os efeitos de uma segunda vaga da COVID-19.

A comunicação da pandemia feita pelas entidades oficiais também não passa no “exame” do professor Fausto Pinto para quem “este é um momento duro”, afirma convicto.

Reagindo às palavras do Primeiro-Ministro, António Costa, que disse há dois dias que “o país não aguenta um segundo confinamento”, o professor de Cardiologia não tem dúvidas que isso é como dizer que “um individuo não pode ser sujeito a uma segunda amputação”.

Para o diretor da Faculdade de Medicina de Lisboa, o desconfinamento foi “demasiado optimista” e é preciso ter “uma atitude pedagógica com a população e de ser adultos”, remata.

Num momento em que a Rainha de Inglaterra avança com condecorações aos profissionais de saúde e em França alguns deles participam inclusivamente no desfile do 14 de Julho, nos Campos Elísios, após um anúncio de um aumento salarial; Fausto Pinto lamenta que os políticos portugueses “utilizem os médicos e os enfermeiros em eventos“. O professor sente-se desconfortável com a “pouca valorização” e o “reconhecimento hipócrita”.

No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Fausto Pinto revela que 1/3 dos doentes internados têm, neste momento, menos de 40 anos e que a testagem em curso tem permitido identificar um maior número de pessoas assintomáticas. O professor que lidera a Unidade de Cardiologia garante que a actividade programada já foi retomada, “sujeita a uma planificação electiva dos doentes”.

Fausto Pinto está à frente da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa desde 2015, dirige há 6 anos a Unidade de Cardiologia do Hospital de Santa Maria e é simultaneamente um dos cardiologistas mais reconhecidos em Portugal e na Europa.

in Tempo Medicina

Testes serológicos para a COVID-19

 «A testagem de 2571 membros da comunidade académica da Universidade de Lisboa (ULisboa), mostrou a presença inequívoca de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2 em apenas 38 indivíduos, o que corresponde a 1,5% da amostra», informa a instituição em comunicado distribuido hoje.

«Assim», diz a Universidade,« 98,5% dos indivíduos analisados não entraram em contacto com o novo coronavírus, mantendo-se seronegativos do ponto de vista imunológico.»

O documento da Universidade de Lisboa prossegue recordando que «em Maio, a ULisboa iniciou um programa para testar a sua comunidade, como parte dos planos gerais do desconfinamento», a instituição  informa que «foram testadas 2571 pessoas, numa única campanha coordenada pela Faculdade de Medicina (FMUL), em estreita colaboração com a Reitoria, através do Estádio Universitário, na qual participaram todas as Escolas da ULisboa, tendo sido colectadas simultaneamente amostras nasofaríngeas e de sangue.» 

O comunicado detalha ainda que «as amostras nasofaríngeas foram analisadas em vários laboratórios, um esforço conjunto e que incluiu a Faculdade de Farmácia, o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Ciências e o Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML) (FMUL/Hospital Santa Maria/Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM)).»

A análise serológica das amostras de sangue, «colhidas voluntariamente por alunos do 6º ano de Medicina supervisionados por internos da especialidade de Cardiologia do CHULN, foi realizada no iMM».

José Melo Cristino, Professor Catedrático de Microbiologia da FMUL e coordenador deste projeto explica os resultados:

«Os 2571 funcionários e colaboradores da ULisboa testados nesta campanha são maioritariamente mulheres (66%) e têm idades compreendidas entre os 19 e 74 anos, tendo uma média de idades de 44 anos;

 Foram detetados onze casos de infeção ativa (pelo teste de diagnóstico, RT-PCR, que revela a presença do vírus nas vias respiratórias superiores no momento do teste) e 38 casos de seropositividade (presença de anticorpos específicos para SARS-CoV-2 na amostra de sangue);
 Os casos de infeção ativa não revelaram sintomas, permanecendo assintomáticos.»

Por sua vez, Marc Veldhoen, investigador principal no iMM, que coordenou os testes serológicos nesta campanha na ULisboa, com o apoio da Sociedade Francisco Manuel dos Santos, explica o processo:

«Como parte do consórcio Serology4COVID, que inclui cinco institutos de investigação de Lisboa e Oeiras, desenvolvemos um método sensível e preciso para detetar se alguém contactou e reagiu ao vírus causador da COVID-19.

«O nosso sistema imunitário produz anticorpos como resposta a qualquer agente que não faça parte do nosso corpo, como é o caso deste vírus, e que são essenciais para a sua normal eliminação em cerca de 2 semanas.

«O ensaio padrão para a deteção destes anticorpos é o ensaio de ELISA. Para a deteção de anticorpos reativos contra o SARS-CoV-2, o método ELISA implementado pelo consórcio Serology4COVID, incluindo o iMM, é baseado no desenvolvido pelo laboratório de Florian Krammer, investigador do Mount Sinai, EUA (Stadlbauer et al., Protocolos atuais) e que recebeu autorização da FDA (Food and Drug Administration) em abril de 2020.

«Das 2571 amostras analisadas neste censo, 62 (2,4%) deram um resultado positivo no teste inicial.

«Para reduzir o risco de falsos positivos, todas as amostras de sangue nas quais se detetou um sinal positivo foram reexaminadas usando as duas proteínas virais, RBD e Spike.

«Só quando o teste se confirmou positivo para ambas, foi o resultado final considerado um verdadeiro positivo, o que significa que a pessoa esteve infetada com o vírus e produziu anticorpos contra ele.

«Este processo de validação adicional restringiu as 62 amostras iniciais a apenas 38 confirmadas como verdadeiras positivas, o que representa 1,5% da população total analisada na ULisboa.

«A baixa taxa de reactividade positiva contra o SARS-CoV-2 observado nesta comunidade específica pode estar associada ao encerramento antecipado dos espaços de trabalho da Universidade, a 13 de março e, por outro lado, a uma boa consciencialização de como as medidas de distanciamento social e de higiene são fundamentais para combater a disseminação desta doença.»

NR: O Serology4COVID é um consórcio de cinco institutos de investigação de Lisboa e Oeiras: iMM, CEDOC, ITQB NOVA, IGC e iBET. As proteínas utilizadas no desenvolvimento dos testes serológicos utilizados neste censo foram produzidas no iBET.