Esta é uma doença que não é para se apanhar

in FMUL

Numa altura em que se multiplicam notícias sobre o crescente ajuntamento de jovens em festas, o Professor Fausto Pinto alerta para os riscos deste tipo de comportamento, que classifica como “irresponsável”, em declarações à Rádio Renascença.  “É completamente errado e irresponsáveis estas festas covid que agora andam a ser organizadas”, afirmou.

O Presidente do CEMP (Conselho de Escolas Médicas Portuguesas) falou, então, das consequências da infeção nos mais novos, bem como das repercussões da mesma na sociedade, reforçando a importância de se cumprirem as medidas de prevenção, a fim de evitar o contágio.

As “festas covid”, como se apelidaram os grandes ajuntamentos dos mais novos em tempo de pandemia, acarretam “consequências, não só para as pessoas envolvidas, mas também para familiares e outras pessoas com quem contactam, para além de iniciarem novas cadeias epidemiológicas”, alertou o Professor, desconstruindo o argumento da imunidade de grupo que entende “só vir a ser atingida se houver uma vacina” – alegado por algumas pessoas que participam deste tipo de ajuntamentos.

Segundo Fausto Pinto, atualmente, “não é possível termos, por via natural, imunidade de grupo através da infeção das pessoas”.

Realçando o muito que ainda existe por descobrir sobre o novo coronavírus, o Professor explicou que, não obstante a idade jovem e ausência de fatores de risco, o doente jovem infetado por SARS-Cov-2, mesmo de forma ligeira, pode manter os sintomas durante cinco ou seis semanas. “Não se sabe porque há pessoas que desenvolvem as formas mais graves da doença e outras não”, reiterou Fausto Pinto, apontando o cansaço e os problemas respiratórios como sequelas “sérias” de uma doença “que não é para se apanhar”. “Em termos de recuperação houve pessoas que perderam muito peso e perderam a sua capacidade muscular”, assegura, revelando que nos Estados Unidos cada vítima mortal da Covid-19 “tinha, em média, mais 11 anos de vida”.

Na opinião do Presidente do CEMP, deve portanto focar-se a atenção nos comportamentos defensivos, que devem ser uma preocupação de todos nesta fase. “Esta não é uma doença em que nós queiramos ser infetados para resolver o problema e ficarmos imunizados”.

Fausto Pinto comentou, ainda, a forma “um bocadinho atabalhoada” como se procedeu ao desconfinamento, que “deveria ter sido mais tardio e mais lento”. Defende, também, que as equipas de saúde pública deveriam ter sido reforçadas, referindo ainda que os sinais transmitidos pelas autoridades, na comunicação da pandemia aos portugueses, não foram os mais acertados. Em declarações à Renascença, que pode ouvir aqui, o Presidente do CEMP realça a forma “um pouco displicente como foram autorizados algum tipo de manifestações, de espetáculos com milhares de pessoas”, explicando que “isto dá para a população uma imagem de alguma leveza, de um otimismo exagerado”.

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